Hoje,
enquanto preparava o jantar pensava sobre o Educar e quanto ensinar o
outro implicam responsabilidades que vão além de conteúdos acadêmicos. Refletia
acerca do quanto é viver o que você ensina... O curioso, é que há poucos dias ouvi
um áudio que tratava exatamente sobre isso, falava a respeito do comportamento
docente em ralação à humildade, entre outras coisas e, em meio aos pensamentos,
mergulhada em meus arquivos mentais, que não são poucos, recordei-me de uma
aula que tive há algum tempo.
Certa vez
trabalhei com chocolates, produzindo artigos sazonais, fui buscar um curso que
ensinava fazer corações de chocolate rendado, nunca consegui fazer, mas naquele
dia tive um aprendizado que levo para a vida. A professora odiava chocolate,
cada vez que ela experimentava a temperatura, que se afere no lábio, fazia cara
de nojo, limpava com muito asco e repetia: “odeio chocolate”.
Na ocasião indaguei mentalmente: “como alguém tem nojo de algo que ensina a fazer?”, nem preciso dizer que o chocolate dela era muito ruim, mas ela tinha a técnica para fazer com que o coração ficasse lindíssimo. Aprecio aprender as coisas e saber tudo sobre chocolate, naquele momento, era meu foco. Pensava nas pessoas que degustariam a doce obra, que elas mereciam saborear um bom chocolate, além da beleza, há o sabor, a textura, desde então, passei a experimentar todos os chocolates que fazia e assim sigo para tudo que faço.
Na ocasião indaguei mentalmente: “como alguém tem nojo de algo que ensina a fazer?”, nem preciso dizer que o chocolate dela era muito ruim, mas ela tinha a técnica para fazer com que o coração ficasse lindíssimo. Aprecio aprender as coisas e saber tudo sobre chocolate, naquele momento, era meu foco. Pensava nas pessoas que degustariam a doce obra, que elas mereciam saborear um bom chocolate, além da beleza, há o sabor, a textura, desde então, passei a experimentar todos os chocolates que fazia e assim sigo para tudo que faço.
Mas, como
experimentar uma aula?
No campo
pedagógico existem avaliações que trazem técnicas para aferir a compreensão do
conteúdo, avaliações e medições que o professor pode trazer informações ou
dados que são importantes para o desenvolvimento das aulas e apontar caminhos.
A técnica é relevante e necessária, isso é inquestionável. Mas, vejo também,
que falta o professor experimentar sua própria aula, sentir o que o aluno
sente, saborear o que produz. Para tanto, o professor, educador, facilitador,
tutor, instrutor ou a forma que você se identifique, precisa estar aberto para
receber tal informação, entender a importância de se observar autenticamente.
Não é fácil, muitas vezes a pessoa não percebe a necessidade dessa observação quanto
a seu comportamento ou tem para si que sua ação é a verdade e refuta a
possibilidade de mudança. Essa conduta é refletida em aulas em que a pessoa não
domina o assunto ou não concorda com o que é ensinado, pior, quando o docente
de determinado conteúdo é, em sua vida cotidiana, um violador daquele tema.
Um exemplo
similar, que repercutiu de forma bastante negativa, foi o Juiz que representava
o Brasil na Corte Interamericana de Direitos Humanos ser denunciado por
violência doméstica pela sua esposa. Esse foi um caso extremo, de grande
gravidade e de amplitude mundial. Por isso é muito importante observar e
considerar as condutas de quem educa, professor de direitos humanos ser
violador das leis; de ética não tendo ações éticas. Isso é tão sério, imaginem
alguém ensinando sobre as leis de assédio moral e sexual sendo assediador, esse
conteúdo estaria comprometido? Sob qual ótica é ensinado? Na do assediado ou do
assediador? Pense em um professor de Yoga que não gosta de meditação e não vive
em sua rotina as práticas meditativas, como ele vai ensinar seus alunos se ele
não tem para si?
Entre várias
conversas filosóficas que tive com o amigo Jorge Mattoso, que ministra aulas na
EMASP - Escola Municipal de Administração Pública da Prefeitura de São Paulo,
falávamos sobre o quanto esse comportamento contraditório é decepcionante ao
aluno, pois ao identificar que seu “mestre” não é o que transparece ser, um
gatilho interno é acionado comprometendo todo o processo de ensino-apendizagem.
Analise quão grave é o resultado de um comportamento inapropriado e que vai de
encontro ao discurso.
A ética e a
moral devem ser companheiras diárias daqueles que se comprometem com a formação
de indivíduos e veem nisso uma razão de viver, pois ser Educador é ter para si
que, o cuidar do outro é objetivo de vida e deve ser encaminhado de maneira
extremamente relevante, é um zelo, um plus, um detalhe minucioso. Mesmo se
tratando da formação de adultos, de pessoas já previamente definidas e com
caráter e personalidades já formados. Instruir, faz de você um fomentador de
opiniões, o que você transmite para as pessoas com seus ensinamentos auxilia
ela a fazer escolhas. Pondere: o que você tem aprendido e ensinado?
Para isso eu
pergunto: você compraria sua aula? Indicaria o seu trabalho para alguém? Mas,
se ainda assim não compreender, vislumbre alguém e faça-a ter seu comportamento
e sua postura perante as pessoas com as quais você trabalha e responda: você
acreditaria nessa pessoa? Compraria e ficaria satisfeito pela aula que está
recebendo? Indicaria para sua esposa ou seu marido? Para seus filhos?
Mário Sergio
Cortella traz em seu livro a reflexão “Qual a sua obra”, o título já é bem
direto e provocativo quanto ao legado que você vai deixar e serve de indicação
para profunda autoanálise. Aproveite a dica e faça uma incursão, medite se suas
ações concatenam com o que você “prega”, “canta”, “explana”, “demonstra”,
“expõe”, verifique de fato, se suas palavras condizem com sua conduta e
saboreie o gosto da resposta do questionamento:
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